Introdução Desde o passado mês de março, estamos imersos na emergência do coronavírus que alterou as nossas vidas, a nossa saúde e o nosso trabalho. Perante o seu extraordinário impacto, consideramos necessário impulsionar o presente estudo, que analisa como as mudanças que a pandemia causou afetam as pessoas e os seus espaços de trabalho, no ambiente empresarial. Desde então, os indicadores macro e microeconómicos caíram. Pelo contrário, outros fatores de transformação, como o teletrabalho e a digitalização, viram o seu protagonismo crescer. Em Espanha, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no início de 2020, apenas 4% dos espanhóis trabalhava de forma regular no seu domicílio. Depois do confinamento, esta percentagem alcançou 34%, segundo um estudo do Instituto Valenciano de Investigaciones Económicas (IvieLab). No entanto, o relatório da Sociedad Digital em Espanha 2019 da Fundação Telefónica salienta que o tecido empresarial, em especial as PME, têm ainda um longo caminho digital a percorrer: 16% tem um plano de transformação digital e apenas 3,5% pode considerar que concluiu com êxito a sua transformação digital. Em Portugal, de acordo com o Eurostat, em 2019 apenas 6,5% dos portugueses trabalhavam de forma regular a partir de casa. Durante o confinamento, e segundo dados do INE (Instituto Nacional de Estatística) a percentagem de empresas com trabalhadores em teletrabalho situa-se em 58%. No entanto, um estudo da EY sobre a maturidade digital das empresas portuguesas, sublinha que para o tecido empresarial, a transformação digital não é novidade para a larga maioria dos participantes no estudo: apenas 5% reporta não ter iniciado o processo e 10% estar em fase de início, sendo que apenas uma empresa reporta não ter qualquer planeamento neste âmbito. Das restantes, 40% já iniciou o processo há mais de 5 anos. Na ISS acreditamos que podem surgir oportunidades com as crises. Neste caso atual, temos a oportunidade (e a obrigação) de redefinir os nossos espaços de trabalho em escritórios e sedes corporativas atendendo, entre outros, a critérios que respondam de forma muito mais próxima à experiência de trabalho num ambiente seguro, saudável e favorável à confiança, responsabilidade e trabalho em equipa. Contribuir para o avanço deste inevitável caminho de mudança é o principal objetivo do estudo, elaborado através de um olhar ibérico e fruto do conjunto de colaboradores e gestores de Espanha e Portugal. Agradecemos de forma muito sincera a participação voluntária de mais de 800 colaboradores e de uma centena de gestores que responderam às perguntas gerais do questionário, bem como aos 19 gestores que partilharam a sua avaliação do impacto, da reação e das alterações que a pandemia provocou nas suas organizações. Sem a colaboração de todos eles e, em especial, da Sagardoy Business & Law School e IMD Business School, este estudo não teria sido possível. Dos resultados do estudo considero fundamental destacar dois aspetos muito relevantes, nos quais os colaboradores e os gestores concordam. Em primeiro lugar, a resiliência do tecido empresarial, que tem sido capaz de se adaptar ao novo cenário de gestão da incerteza superando diversas dificuldades. Em segundo lugar, o facto desta reação ter sido possível graças ao envolvimento dos colaboradores a todos os níveis. Na ISS somos especialistas na gestão de pessoas, capacitando-as para oferecer serviços às empresas. Por isso, retemos estes dois aspetos. Todos o devemos fazer. Temos pela nossa frente meses de incerteza e de mudanças disruptivas e a nossa maior satisfação será que este estudo possa contribuir de alguma forma para ajudar a configurar o novo modelo de trabalho na época da COVID-19. JAVIER URBIOLA Presidente Executivo da ISS Ibéria AS MUDANÇAS DO MODELO DE TRABALHO EM TEMPOS DA COVID-19: AS PESSOAS E OS ESPAÇOS INTRODUÇÃO 3
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